Seria altamente improvável voltar a este blog sem que tecesse alguns apontamentos sobre estas férias. Não esperem nada de muito denso, porque estas duas semanas pautaram-se basicamente por me terem moído o corpo e amaciado a mente.
Tenho em crer que apreciação que se faz de um lugar desconhecido, passa pelo reconhecimento de pontos de contacto e de diferenças. Ora o primeiro impacto foi de uma grande familiaridade com os primos gregos. Depois de treinar a dicção das saudações, rapidamente comecei a passar por grega, coisa que me dava um certo gozo.
Não levava grandes expectativas sobre Atenas. Disseram-me ser quente, caótica e poluída. Confirmou-se. Mas ter subido 6 andares para ir beber uma cerveja fresquinha ao atelier de uma pintora e dar de caras com a Acrópole iluminada foi lucro. Ter visto deuses gregos em pedra, em bronze (e em carne e osso) foi lucro. Ter percorrido o mercado de velharias e as lojinhas de artesanato foi lucro. Ter jantado grelhados e saladas gregas em tabernas ao ar livre foi lucro.

A primeira semana foi passada no Peloponeso. A ideia de voltar a circular em estradas gregas causa-me calafrios. Na auto-estrada, a berma é mais uma faixa de rodagem. As estradas secundárias são estreitas e sinuosas, onde o duplo traço contínuo tem toda a razão de existir, apesar de pouco querer dizer aos condutores autóctones. Ao menino e ao borracho, põe Deus a mão por baixo. Sobrevivemos. Somos concerteza borrachos. O barulho das cigarras foi uma constante dia e noite e a vegetação é seca, sarapintada de oliveiras, figueiras e vinha.
Finalmente avistámos o mar. Ao mergulhar, erguemos os braços a Poseidon, o Deus grego do mar, por aquela bênção: água quente, translúcida e incrivelmente azul. De facto, a bandeira grega não poderia ter outra cor. Cada dia uma praia, mais um fundo do mar para descobrir (snorkel), um novo pôr-do-sol ao jantar. Dizia acreditar convictamente não existir sítio mais bonito do que aquele, mas a nossa amiga provava-me diariamente estar enganada. E quanto lhe agradeço!
