Depois de muitas horas de viagem, parámos na aldeia de Coropos, onde pensámos comer só uma sopita quente antes de ir dormir. Mas a Dona Rosa, para além da sopa, "botou" na mesa pão maciço, e presunto, e queijo, e azeitonas, e vinho a transbordar do jarro enquanto preparava a comida do "pote". De estômago já reconfortado, vieram as perguntas. Mas afinal que estais aqui a fazer em Coropos? Sois professores, que fazeis? Os cinco homens que jogavam uma cartada ao canto da sala à lareira, juntaram-se à conversa. Daí a pouco já os "nossos homens" tragavam um "chopito" oferecido pelo pastor, que não fossem as suas noventa ovelhas terem de ir pastar no dia seguinte, de resto como todos os dias, tinha muito gosto em ir mostrar-nos a sua terra. Falou-se de política, do desemprego, da crise, do custo de vida. Às vezes ponho-me a pensar, dizia um, como será que os gajos lá em baixo (Lisboa) viverão? Podem ganhar mais, mas as casas são mais caras, e ainda têm de pagar transportes, combustível, creches, alimentação fora de casa... aqui um gajo sempre tem mais qualidade de vida, um pedacito de terra e a arca cheia de carne para o que der e vier...
Já era tarde, quando chegámos ao Parque Biológico de Vinhais. Onde nos preparávamos para passar um sereno fim de-semana em perfeita simbiose com a natureza e os animais... e uma festa de adolescentes num dos quatro bungalows do parque, para a qual fomos convidados com toda a simpatia pelo aniversariante. Agradecemos o convite, mas preferimos curtir a música electrónica na cama, na esperança de pegar no sono!
No dia seguinte fomos visitar os animais protegidos do parque. Apresento-vos a Rosita. Uma linda burra mirandesa de pêlo comprido e macio, que não se importava de ser fotografada com os urbanitos (uns mais que outros) em troca de uma boa dose de festinhas nas orelhas e no focinho.
Chegámos a Bragança mesmo a tempo do Corso. Começámos a avistar os caretos, misteriosas criaturas vestidas de fatos de lã grossa e colorida, com faixas de pesados guisos às costas. Que curiosa é a tradição popular, pensava. Enquanto me questionava sobre as suas representações culturais, puxei da máquina, pronta a disparar. E foi então que começaram os sustos! Depois de uma breve pesquisa percebo agora o porquê daquelas "chocalhadas" frenéticas nas minhas costas: "Mergulhando na raiz profana do carnaval, o verdadeiro motivo que move o careto é apanhar raparigas para as poder chocalhar. Sempre que se vislumbra um rabo de saia, o careto é impelido pelo seu vigor. Ao Careto tudo se permite nestes dias, pois ele assume uma dupla personalidade. O indivíduo ao vestir o fato torna-se misterioso e o seu comportamento muda completamente, ficando possuído de uma energia transcendental."
E que energia têm estes transmontanos!!
Gaiteiro de foles galego
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