Essa gente que se apanha no escuro do cinema para comer, causa-me o chamado nervoso miudinho. Já há uns anos que me recuso a frequentar cinemas onde sei de antemão que se comercializam pipocas. Mas às vezes tenho a pouca sorte de me sentar ao lado de um roedor, que assalta a merenda mal as luzes se apagam, tal e qual um rato escondido numa casa que aproveita o sossego e a escuridão da noite para atacar de surra. E então começa o scnhoc crushhh crushhhh, crushh crushhh scnhoc gerado ao abrir a embalagem. Regra geral, fazem-no muito lentamente, o que me incomoda muitíssimo mais. Nesse compasso de espera, auguro o que ainda virá, os próximos sons a ruminar o alimento, e espero (in)pacientemente que a acção termine o mais breve possível para que eu possa começar a centrar-me no filme, que foi afinal para isso que paguei o bilhete.
Também me irrita o quanto baste andar de combóio regional (a parar em todas as estações e apiadeiros), especialmente se for de manhã... Há invariavelmente alguém que anda à luta com sacos de plástico durante longos minutos. É um zum zum, frsh frsh que parece não ter fim e que me provoca uma terrível moínha na cabeça. Mas para essas situações, há remédio, há headphones, há mudanças de lugar ou mesmo de carruagem... Agora, estando no Coliseu, lotação esgotada, a sentir a excitação de quem está a assistir a um dos músicos de que mais se gosta, e ter precisamente na cadeirinha atrás de nós, uma moça chapa 4 (betinha dos anos 90) com umas pulseiras metálicas, estridentes, impossíveis (especialmente para se levar a um concerto) e que fazia questão que déssemos por elas ao chocalhá-las a cada movimento seu... e a acrescer, cantava desafinadamente e acima do tom do Caetano... é demais! Para ti, minha querida se me estás a ouvir, dedico-te esta canção: